No início de ano realizamos um passeio com a principal finalidade de visitar a terra natal. Os participantes: este que digita o relato, mais três irmãs, um cunhado e uma sobrinha. Voltaríamos aos lugares da infância, cerca de quarenta anos depois. Vindos cada um de um ponto diferente, fomos ao sul do Sul: Pelotas, depois Bagé, Lavras do Sul e Caçapava do Sul. A maior parte destes municípios são pobres, dentro da região mais pobre do Rio Grande. Os seus indicadores socioeconômicos estão distantes dos encontrados nas cidades de colonização alemã e italiana. O Rio Grande do Sul, que sempre esteve cindido politicamente, agora está cindido no seu grau de desenvolvimento. A divisão entre as chamadas metade sul e metade norte do estado tem sido tratada em diversos estudos e análises.
A volta à terra natal é sempre uma aventura interessante. Pode ser fácil, prazerosa, pode ser perturbada por fantasmas. Em casos extremos, é uma tragédia. Como a vivida por José Maria, funcionário público aposentado. No conto "Viagem aos seios de Duília", de Aníbal Machado, ele empreende uma viagem complicadíssima de retorno para buscar no passado, também quase quarenta anos depois, alguma coisa que pudesse lhe dar um sentido para a vida. Que estava tão vazia quanto a cidadezinha que encontrou, marcada pelo marasmo e pelo envelhecimento das coisas, onde "o vazio do mundo pesava sobre o sossego do povoado". Mas não foi isso que encontramos, felizmente.
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