terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Lavras, onde o passado entreabre um olho (IV)

O melhor local para recreação é a Praia do Paredão, um represamento do rio Camaquã onde a prefeitura instalou uma completa infra-estrutura de balneário, com área de camping e cabanas para hospedagem. É uma área aprazível que, esta sim, melhorou significativamente.

A Praia do Paredão

A nota surreal aconteceu por conta de nosso interesse em visitar a Fazenda Itaoca, que pelas informações oficiais abrigaria um engenho de exploração de ouro remanescente da época áurea da cidade, ainda com o maquinário original encravado na rocha. Dr. Nézio Munhoz, a mais expressiva figura de um coronel urbano, no bom sentido, isto é, alguém com toda a percepção do que é realmente importante para assegurar o bem comum, preparou-nos uma brincadeira. Disse que este seria o ponto alto de nosso passeio e que o proprietário, seu Bidinho, teria o maior prazer em nos receber. A dificuldade de acesso ao local já prenunciava alguma suspeita de algo não estava bem explicado. Na fazenda, a proprietária informou que era a viúva do dono, filho falecido do também já falecido seu Bidinho, fato com algumas décadas. O aparato de visitas inexistia. Nos restou a esperança de que o chiste possuísse outra referência. Talvez seu Bidinho esteja à espera para nos receber de braços abertos quando for a hora de ir para a estância do Patrão Velho lá de Cima.

O herói nativista da cidade é Gujo Teixeira, um dos mais premiados compositores da música gaúcha. Nascido em Porto Alegre, formou-se em veterinária e mora em Lavras, em sua fazenda São Jorge das Cordilheiras. Até recentemente possuía 25 premiações, por melhor música e primeiro lugar em festivais, e mais de 100 composições gravadas em cinco discos. Além disto, é autor de dois livros de poemas: “Na madrugada dos galos” e “Parece a vida”.

Lavras não tem mais cinema. Mas tem TV por assinatura e conexão com a Internet. Isto é suficiente para alguém estar antenado com tudo o que acontece no país e no mundo. A existência de poucas oportunidades de convivência comunitária, a exemplo de shoppings e eventos culturais, reforça os laços de relacionamento. Este tem sido o grande atrativo das pequenas cidades. Um depoimento interessante pode ser encontrado em http://caroneiro.blogspot.com. Em “Os destinos” veja-se “Lavras do Sul (onde vivi)”: “Lavras me conquistou. Uma terra de pessoas incríveis. De muita simplicidade e hospitalidade. De valorização às tradições campeiras. De festas. De arquitetura que reflete o passado. De muito carinho”. Nas palavras de Gujo Teixeira: “com ‘permiso’ das palavras / cá neste rincão de Lavras / se sente o gosto da vida”.

2 comentários:

Equipe palavreiros disse...

mas que maravilha este blog raimundo! falar da minha Lavras do Sul, do meu cunhado nézio munhoz, que, aliás, acabastes de imortalizá-lo colocando-o na internet! o nézio tá no mundo tchê!raimundo, vá lá no meu site e, se gostares, envie algo dos pampas para publicar.minha "base" atual é curitiba.
grande abraço,

jb vidal
http://palavrastodaspalavras.wordpress.com

Rosamaria disse...

Raimundo

Fiquei muito contente em te encontrar lá no Roccana e ler tudo isso sobre Lavras. Serei assídua por aqui.
Um abraço.