terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Lavras, onde o passado entreabre um olho (II)
Lavras não progrediu muito. De 1950 aos dias de hoje experimentou discreta regressão demográfica, que afetou mais a população rural. A população urbana cresceu bastante, pelos últimos dados divulgados pela prefeitura são 4.828 almas. A densidade demográfica do município é de apenas 2,78 hab/km². Embora tenha havido alguma recuperação, o que pode ser comprovado por novos setores habitacionais e casas de luxo, a cidade foi grandemente prejudicada quando deixou de ser parte da ligação rodoviária entre Bagé e Porto Alegre. A ligação asfáltica com a capital passou por fora de Lavras. Bagé, que era a meca cultural e educacional, foi substituída nesta função por Caçapava e São Gabriel, beneficiadas pela ligação por asfalto.
A cidade ganha alguma notoriedade na época do Carnaval, quando atrai um bom fluxo de visitantes. Sua principal característica é a disputa entre dois blocos carnavalescos: o dos Relaxados e o Vai de Qualquer Jeito, que apresentam quadros satíricos em seus desfiles, normalmente referentes ao comportamento dos próprios moradores, além de versos divulgados em duas “rádios”, a Rádio Galocha e a Rádio Mogango. O Bloco dos Relaxados é considerado o mais antigo do Brasil. Seus versos abre-alas: “Sant’Ana do Faxinal / Madrinha dos Relaxados / Auxiliai-nos a cantar / Esses sucessos rimados”. Na década de 60 os desfiles serviam também como um componente de confraternização entre segmentos sociais. A cidade possuía dois clubes, o Comercial, da elite, e o Clube Operário, com associados que hoje seriam considerados afrodescendentes. Trocavam-se visitas: um cortejo de cada clube visitava o outro, fazendo evoluções no meio do salão, sempre acompanhados das respectivas rainhas. Atualmente não existe mais o Clube Operário e seu prédio virou Salão Paroquial. O ator Paulo José, natural do município, tem sido o principal cartão de visitas do carnaval de Lavras, que costuma prestigiar, quando pode, desde os tempos em que era casado com a atriz Dina Sfat.
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