Uma Explicação
Nesta matéria vou tratar da cerimônia que marcou meu ingresso na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, após ter sido aprovado no vestibular
para o Curso de Ciências Sociais, da Faculdade de Filosofia. Pretendo, nas
próximas duas ou três, apresentar algumas impressões sobre os professores,
alguma coisa sobre os colegas e uma ou outra historinha de nosso cotidiano
universitário. A abordagem vai retomar um memorialismo pontuado aqui e ali por
comentários pessoais. No entanto, existe um blog que já tratou de assuntos
semelhantes, em um sentido mais de informações, mais jornalístico. É o Blog da
Marina, http://marinalimaleal.blogspot.com.br/, onde ela
postou um apanhado geral sobre nossos professores, dos quais conseguiu
recuperar o nome da maioria, além de diversas matérias sobre o contexto
político e cultural da época. Marina Lima Leal foi minha colega de curso no
regime de créditos, portanto, nossa trajetória escolar não terá sido sempre
idêntica, nossas lembranças idem. Além disto, trato aqui da cerimônia de
ingresso na universidade, de que Marina não participou, e ela tratou de nossa
formatura, que, desta vez, quem não participou fui eu.
Atualmente, como é sabido, são cometidas verdadeiras atrocidades e
barbaridades a título de “trote”, muitas das quais acabam frequentando as
páginas policiais. Acho que isto ocorre em grande parte por conta da leniência
das autoridades universitárias, que alegam que os fatos ocorreram fora do
campus, o que nem sempre é verdade. De outra parte, é possível que alguns dos
calouros aceitem tarefas absurdas com a expectativa de que no próximo ano será
a vez deles protagonizarem as brincadeiras pesadas. Estabelece-se, portanto, um
ciclo vicioso.
Nem sempre foi assim. Como será visto a seguir, a recepção que a UFRGS
preparou para os “bixos” de 1965 foi algo tão civilizado e tão bem programado
que, à luz do que acontece hoje em dia, parece ter sido organizada pelo
cerimonial do Palácio de Buckingham, da casa real britânica.
Como se costuma dizer que uma fotografia vale por mil palavras, serão
elas que a seguir vão contar a história.
A recepção
A parte principal da comemoração constou de uma gincana realizada no
Clube Cantegril, de Porto Alegre, em 20/03/1965. Um ônibus da universidade nos
levou até lá.
Em cima, no lado direito, em pé, Mario Riedl (veterano na
época e posteriormente docente da UFRGS). Em baixo, também no lado direito,
André Forster (veterano e depois líder estudantil e político, já falecido)
Fila de entrada no Clube, quando já estávamos identificados
como calouros
Kit de recepção: cada calouro recebia um cartãozinho com
uma frasezinha de estímulo no estilo auto-ajuda (desenhado e escrito à mão;
veja-se a trabalheira que deu)
O bonezinho da Faculdade de Filosofia era outro componente do
kit distribuído aos calouros
O
tempo é cruel e inexorável (I): o bonezinho continua o mesmo. Mas, só o
bonezinho... A primeira foto é de 1965 e a segunda de 2011
O tempo é cruel e
inexorável (II): o cartaz de identificação dos calouros mencionava o nome de um
cientista social que seria seu patrono intelectual. Coube a mim a antropóloga
Margaret Mead.
Nas dependências do Cantegril. Do meu lado o colega Geraldo
Müller. Tentei ser um visionário antecipando em algumas décadas o prestígio que
teriam os descamisados atores globais. Não deu certo.
Final da festa
Ainda teve mais
As cerimônias de recepção aos calouros envolviam outras atividades
sociais, a exemplo dos torneios de futebol com as demais faculdades.
Nossa equipe de futebol society. Estou na posição de
ponta-esquerda. Em cima, ao lado do goleiro, um de nossos colegas que era padre
jesuíta (que, como bom soldado da Companhia de Jesus, batia firme).
Equipe de futebol de campo. O local era o Estádio da
Montanha, do Cruzeiro, que muitos anos depois foi vendido pelo clube e
transformado em um cemitério vertical. Estou na fila de baixo, abraçado ao
técnico do time.
Pois isto! Rever estas fotos é lembrar com carinho de uma época que foi
muito importante em nossas vidas.
-oO)(Oo-
Um comentário:
Que beleza ver estas fotos e lembrar destes tempos. Fico me perguntando porque não fui a esta festa. Por mais que force a memória, não consigo lembrar. Que bom que tens as fotos e com as assinaturas, fica mais fácil lembrar dos colegas.Tuas fotos do ontem e hoje, com o boné da Filosofia estão ótimas. Meu boné está guardado lá no sítio, mas não está conservado como o teu. As traças andaram atacando.Vou tentar localizá-lo quando for lá. Excelente tua postagem.
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