quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FÉRIAS, QUE NINGUÉM É DE FERRO (Parte IV, arremate)



Ouvidoria e confessionário

No confessionário da Igreja de Monte Sião

Para ter uma idéia de como se sente um confessor, ou como diz o vulgo “sentir o clima”, experimentei a cadeira do confessionário da igreja de Monte Sião. O confessor, no exercício do seu mister, é um ouvidor por excelência. Felizmente, os ouvidores civis encaminham as questões e não julgam nem aplicam penalidades. Estas, porém, eram as funções dos Ouvidores-Gerais da época do Brasil Colônia.
 
O mistério dos elefantes

Em Campos do Jordão um teleférico conduz ao Morro do Elefante, que recebe este nome porque de longe o formato do morro lembra o dorso de um elefante. No mirante existe a figura de um elefante, de fibra de vidro, onde as crianças tiram fotos em sua garupa.  Até aí tudo bem. Mas, na piscina infantil do Hotel Monte Real Resort, em Águas de Lindóia, também tem a figura de um elefante com dois filhotinhos. Por último, em Monte Sião a fábrica de porcelana produz centenas de elefantezinhos. Há, por alguma razão, uma afinidade da região pelo dito paquiderme. Pelo sim pelo não, comprei meu elefantezinho que agora enfeita o desktop de trabalho.

O leitor interessado no assunto, e que não possa ir a Monte Sião comprar seu elefantezinho, pode, porém, ler um bom livro a respeito: “A viagem do elefante”, de José Saramago, publicado pela Companhia das Letras.


E o nosso turismo interno, dá para melhorar?

Conforme sabido, variam as condições de nossas cidades turísticas ou de apelo comercial. Em Gramado encontra-se  o exemplo mais acabado de profissionalismo. Nos pacotes de viagem já estão previamente definidas as possibilidades de passeio. Lá tudo funciona dentro dos horários previstos. A contrapartida é que nas excursões é preciso pagar ingresso em todas as paradas programadas. Nas que não são pagas, o ambiente é preparado para induzir ao consumo.

Do que aqui foi relatado, Campos do Jordão é a cidade mais equipada para atender ao turista. Nos hotéis é possível saber dos passeios e das vans e serviços que prestam o serviço. A cidade ainda dispõe de trenzinhos e do aluguel de charretes e cavalos. Além disso, os taxistas sabem informar sobre as principais atrações da cidade e têm para brinde revistas e prospectos informativos. A prefeitura faz sua parte ao estabelecer normas específicas para construções no Bairro Capivari, onde se concentram os principais pontos de interesse turístico.

Em Águas de Lindóia existem alguns problemas. O hotel deu informações sobre os horários de funcionamento do Balneário Municipal e da visita ao monumento do Cristo. Fomos visitá-los dentro do horário previsto para o período da tarde. Nenhum dos dois estava funcionando, tampouco existiam plaquinhas indicando o horário de visitas. Felizmente, no dia seguinte, no horário da manhã ambos estavam abertos ao público. Porém, no monumento do Cristo não existia um único postal do local, muito difícil de ser fotografado de frente. O balneário Municipal está muito mal cuidado, necessita de reparos nas instalações e praticamente todas as cadeiras disponíveis também carecem de reparos. Caso fosse terceirizado, haveria cobrança de ingressos, mas certamente a qualidade do serviço melhoraria. Aliás, mesmo na atualidade, com exceção da entrada livre, todos os demais serviços são pagos, como os banhos de imersão, hidromassagens, terapias, massagistas, etc. Na praça municipal também é visível o estado de má conservação de bancos e ferragens. Todos estes aspectos seriam de fácil solução e envolveriam baixo custo caso fossem feito de forma gradual. Falta, portanto, uma espécie de termo de ajustamento com a prefeitura para que se comprometa com as reformas necessárias.

Em Serra Negra o caso mais dramático. Uma única loja da cidade possui ímas de geladeira com o nome da cidade. Mas nenhum feito especialmente com a finalidade de divulgação local. Todos os modelos eram convencionais, com o nome Serra Negra colocado posteriormente, seja pintado ou por meio de adesivo. Em um dos melhores bares da cidade encontra-se uma série de fotografias antigas, relatando o processo de construção da cidade. Poderiam constituir um álbum ou conjunto de postais. Ademais, mesmo a cidade tendo um teleférico, não existe um serviço de informação turística que potencialize suas atrações.

Estes últimos exemplos sugerem que os programas do Ministério do Turismo não estão chegando a estas regiões, apesar da existência de uma secretaria específica com esta finalidade: a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo. Uma associação com o Sebrae seguramente seria ainda melhor, tendo em vista os excelentes trabalhos e exemplos que estamos acostumados a ver por meio do programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Com a melhoria dos serviços oferecidos, ganha a cidade e ganham os visitantes.

Fecham-se as cortinas do palco...
Em um conto de Juan José Morosoli, escritor uruguaio, dois caminhoneiros começam a tomar mate e a conversar, após uma viagem que haviam feito. Diz um deles: “Hermano, fizemos uma linda viagem, mas vimos pouca coisa, não achas?” Responde o outro: “Não. As viagens só começam depois que a gente chega. Te digo isso eu, que uma vez fui a Montevidéu e só na volta, quando comecei a contar tudo aos outros, me dei  conta de que tudo aquilo que eu tinha visto era uma coisa bárbara”.

De modo que a apresentação deste passeio tem também o propósito de reorganizar na lembrança os bons momentos vividos. Naturalmente, estas lembranças irão aos poucos se esmaecendo. Tornarão a ser revividas nos próximos meses, toda vez que forem recebidas as faturas do cartão de crédito. Vida que segue...

-oO)(Oo-

Um comentário:

Marina disse...

Gostei da tua comparação entre o confessor e o ouvidor!
Acho que nosso país tem grande potencial turístico, que poderia ser melhor divulgado e aproveitado. Já foi pior, mas ainda precisa melhorar muito.