Emanuel Medeiros Vieira
O Planalto é sempre:
antes e depois,
pedras, rios, sol, entardecer, pessoas
(céu sem mediação, espaços abertos,
seca, chuva, manga madura no chão.)
O Planalto não passa:
nós é que passamos.
O pó volta a terra,
mas queremos permanecer: algo de papel,
algo de carne, um jeito de menino que foi
nosso, riso, boininha, gaita-de-boca
ah, um desajeitamento,
estranho no mundo, um lenço,
cheiro de naftalina no guarda-roupa,
macaco em loja de louça.
Já faz tempo que o homem existe,
mas o Planalto é mais antigo.
E uma ilha,
que fica ao Sul do efêmero,
pandorga, vento, tainha
inundado de água: aqui,
no Planalto,
que não passa,
nós é que passamos.
(Brasília, 30 anos depois de chegar
ao Planalto Central – maio de 2008)
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