
Antes destes fatores de marketing impulsionarem as vendas, tentativas maternas procuravam auxiliar na divulgação paroquial dos referidos discos. Fagner e Ednardo moravam na mesma rua, a Artur Timóteo, no bairro de Fátima em Fortaleza. As respectivas genitoras, para ajudá-los, colocam seus discos na vitrola em alto som para que quem passasse pudesse ouvir. A, digamos, testemunha auricular desta história nasceu em Oeiras, Piauí, e passou a adolescência na capital do Ceará. Em sua festa de 15 anos , Maria Edirlene também teve sua epifania sonora: “na minha casa havia uma radiola (toca discos) e rádio em um móvel enorme. Era um "buffet" grande, com portinhas, quase uma arca, que tinha uma caixa de som na parte de baixo (metade inferior do móvel e em toda a largura do mesmo) que me parecia bastante potente na época. Há uma foto na qual eu estou colocando um LP nesse 'móvel'. Mas era só uma pose para foto! Para animar a festa, um amigo trouxe um daqueles aparelhos de som "modernos" dos anos 70, com caixas de som possantes e muitos fios. Mas sinto saudades daquele móvel”.
Além da música-título, o disco “O Romance do Pavão Mysterioso” tem outras faixas notáveis, realçadas pela voz melodiosa de Ednardo: Carneiro, Mais um frevinho danado, Ausência, Varal (“no umbral da porta já torta / à sombra, o sombrio olhar / e no olhar coisas mortas /que ninguém irá velar”), Alazão e A Palo Seco. Além da belíssima “Dorothy Lamour”.

Dorothy Lamour era estrela do cinema norte-americano: Mary Leta Dorothy Slaton, que nos anos 40 esteve no auge (lá). Viveu até os 81 e faleceu em 1996. A composição Dorothy Lamour é de Petrucio Maia e Fausto Nilo. É de ouvir com o lenço na mão.
O Pavão Mysterioso ainda teve gravações de Elba Ramalho, Ney Matogrosso e até de Fernanda Takai. Ednardo voltou a gravá-lo em outro disco excepcional: “O Pessoal do Ceará”, de 2002, com a participação de Belchior e Amelinha.

Entonces, escute o disco, qualquer um dos três que todos já foram editados em CD, e leia o livro. Que livro? Machado, de preferência. Ou então: “Música perdida”, de Luiz Antonio de Assis Brasil, da L&PM.
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