quarta-feira, 22 de junho de 2011

O AMOR É LINDO: CASAMENTO COLETIVO EM LAVRAS DO SUL



Em Lavras do Sul, na Praça das Bandeiras, dia 11 de junho, 30 casais que estavam juntos há muito anos, mas não tinham condições financeiras para o registro civil da união, participaram de uma cerimônia de casamento coletivo. 

A iniciativa mobilizou várias instituições e profissionais diversos: Emater/RS-Ascar, representada por Mariluce Chagas e José Luiz Lourenço, Cartório de Registro Civil e Gabinete da vereadora Fátima, com apoio das secretarias de Educação e Turismo, Sindicato dos Trabalhadores Rorais e Rotary Clube Terra do Ouro. Além disso, manicures, barbeiros e cabeleireiros trabalharam voluntariamente. O comércio local garantiu refrigerantes, bolo, taças e espumante. Graças ao patrocínio da Profa. Jurema Chiapetta as noivas receberam vestidos e os homens ternos ou trajes típicos gaúchos. Não havendo disponibilidade suficiente na cidade, foi necessário deslocar as noivas até o município vizinho de Caçapava do Sul para a prova dos trajes nupciais.
 
O casal José Emílio e Felisbina, com a filha Diana, todos quilombolas

A participação popular na Praça das Bandeiras, decorada para a cerimônia

A cerimônia foi oficiada pelo Cartório do Registro Civil e os casais  bençoados pelo Diácono Jerônimo, da diocese de Bagé. Mais de mil pessoas estiveram presentes; lotando as arquibancadas montadas para a ocasião.


A Comissão Organizadora e demais autoridades


Mariluce Chagas (de crachá) junto com o grupo dos casais quilombolas



 A confraternização ao final da cerimônia


Uma digressão sobre o assunto

Por que o homem tem tanto medo do casamento? Não parece ser uma herança atávica, isto é, algo que seja herança de nossos mais antigos ancestrais. Nos quadrinhos de Maurício de Sousa existe um casal pré-histórico, Piteco e Tuga, sendo que Tuga corre o tempo todo atrás de Piteco e ele foge o tempo todo do casamento. Esta situação é, obviamente, uma licença poética. Parece mais plausível que naqueles tempos de enormes dificuldades o contrário é que fosse a prática, ou seja, o acasalamento, seja como imitação de algo já existente na natureza, onde muitos animais e pássaros são monogâmicos, seja como uma forma de buscar proteção mútua contra as grandes dificuldades da vida.

O medo masculino do casamento pode chegar a situações de paroxismo, um sentimento levado à sua exaltação máxima. Em Brasília, final do mês de maio, um cidadão casou graças a um estratagema da esposa, que armou uma situação em que ele era convidado a ser padrinho de um casamento. Como já vivia há muitos anos com ela, supostamente não deveria ter mais nenhum medo de se sentir sufocado na vida em comum. A companheira planejou  a cena por sete meses, contando com a colaboração de vizinhos, colegas, e principalmente do pastor. O cidadão recebeu um convite de mentira para ser padrinho de casamento e uma falsa madrinha foi indicada para lhe acompanhar. Ele disse que só estranhou quando viu que os noivos não chegavam e a cerimônia religiosa mesmo assim teve início. Aí, foi pego de surpresa quando o pastor perguntou, de forma bem clara, se ele aceitava sua companheira de 25 anos como esposa. “Ele despencou a chorar, ficou frio, travou suas pernas. Com muita dificuldade, conseguiu responder o sim. Quase que não sai”, contou o pastor. O surpreendente é isto: após 25 anos de vida conjugal, na hora de oficializar a união em uma cerimônia religiosa, o cidadão quase entra em estado de choque.

Os que têm medo do casamento alegam o receio de perder sua liberdade. Nada obstante, todas as estatísticas são favoráveis aos casados: vivem mais tempo e com mais saúde.


Existem também os que gostam tanto de família que têm várias. Na literatura, um bom exemplo é o de Seu Quequé, personagem de José Condé no conto Venturas e desventuras do caixeiro-viajante Ezequias Vanderlei Lins, seu Quequé para os íntimos, do livro Pensão Riso da Noite. Por conta de sua profissão viajava muito, o que lhe permitiu estabelecer e manter três famílias: uma em Pernambuco, outra em Sergipe e uma terceira em Alagoas. O conto rendeu duas séries na televisão:  “Aventuras Amorosas de Seu Quequé” na TV Cultura, com Osmar Prado no papel de protagonista, e “Rabo de Saia” na Globo, com Ney Latorraca. Seu Quequé acaba preso e julgado mas o final é feliz.

No amor, portanto, a esperança nunca morre.O casamento coletivo de Lavras é mais uma prova.



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sexta-feira, 17 de junho de 2011

FRAGMENTOS FOTOGRÁFICOS DO PASSADO


As duas fotos abaixo são de um passado não determinado de Lavras do Sul. Arquivo de família, sem identificação do ano a que se referem. Nem por isto perdem seu valor histórico. É provável, contudo, que sejam da década de 1950.

O interior da Igreja de Santo Antonio

Aparentemente tratava-se de uma ocasião solene, não só pela quantidade de pessoas e pelo seu aspecto de seriedade e circunspecção, como pelo fato de que o fotógrafo estava em posição privilegiada, de costas para o altar, o que não era trivial. As crianças ficavam nos primeiros bancos. Os homens, ao fundo, costumavam ficar em pé, o que não mudou muito até hoje. 

 A barragem do Paredão em seus primórdios.


Flâmulas
 
Nos anos 60 as flâmulas eram enfeite praticamente obrigatório em quartos de rapazes. Abaixo, dois exemplos.



A do Vasco celebrava, como se pode ver, a conquista do campeonato local.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

ACORDEON, GAITA, SANFONA E A CLAVE DE FÁ


 
BAR E CHURRASCARIA FREITAS
APRESENTA

MUNDICO DOS TECLADOS

Atração de Hoje à Noite



Pois é! Tivesse perseverado no ofício e a manchete aí de cima poderia ser realidade. 

Com a instalação em Lavras da filial do Liceu Musical Palestrina, sede em Porto Alegre, fui matriculado no curso de acordeon. A família queria um pianista, mas a falta de recursos só permitiu um teclado mais modesto, o do acordeon. O meu era Todescchini.

Foram três anos árduos tentando ver se me estabelecia no ramo. Em 1958 concluí a 1ª série do curso de Acordeon - Teoria e Solfejo, com grau 10 – com distinção. Prossegui até 1961 quando alcancei o Diploma de Teoria e Solfejo.

 
Apresentação pública do Liceu

O diploma arduamente conseguido, depois de noites em claro por conta da clave de fá:


O recebimento do diploma:

Cecília, professora do Liceu, e Dr. Breno Bulcão, prefeito da cidade

 
Com as colegas, o prefeito e o pároco, Pe. André

Foi mais uma ilusão que ficou para trás. Não concluí o aprendizado por falta de predicados. O que me excluiu das benesses de um mecenas local, nostálgico das típicas de Buenos Aires, que pagaria os meus estudos no caso de dedicação exclusiva ao bandoneon. Apesar de o incentivo pecuniário, ficou apenas na imaginação o terno de risca de giz, o bigodão e o lenço branco no colo, para apoiar o instrumento. Enfim, provavelmente ganhou a cena artística brasileira, ganhou Lavras. Embora às vezes bata lá no fundo alguma nostalgia pela oportunidade perdida de ser um artista de cabaré. Na música “Dinheiro em Penca”, gravada junto com Tom Jobim e Miúcha, Chico Buarque canta em sua parte: “Eu também já tive um tio / que virou velho gaiteiro...” Quem sabe? Melhor não.

Na verdade, aconteceu o seguinte: no mesmo ano em que concluí o curso de acordeon fui para Bagé realizar o 2º grau, curso científico, e não dava para compatibilizar as duas coisas.