sexta-feira, 13 de maio de 2011

A COMUNIDADE QUILOMBOLA DE LAVRAS DO SUL

Comunidade quilombola é um vilarejo formado por descendentes de escravos. A Constituição Federal de 1988 garante aos quilombolas direito de propriedade sobre as terras que ocupam.

As informações sobre a comunidade quilombola de Lavras do Sul são de autoria de Mariluce Chagas, Bacharel em Economia Doméstica e Educação Familiar, e Técnica de Bem Estar Social da EMATER/RS – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. As fotos foram apresentadas em um evento da Fundação Palmares. A edição da matéria é, naturalmente, by Pato Velho.

A Comunidade Corredor dos Munhós, de Lavras do Sul, localiza-se na região do Camaquã-Chico conhecida como Mantiqueira, em terras da antiga fazenda de Zeferino Munhóz de Camargo. A sua gênese baseia-se em informações do livro “Família Munhoz de Camargo – Raízes Pioneiras na Formação de São Paulo e do Rio Grande do Sul”, de Jandira Munhoz Schmidt, publicado pela Gráfica Evangraf, 1998. Jandira de Munhoz Schmidt, Doutora em História pela Universidade Católica do RS, registra que, em 1905, a escrava Francisca Munhós tornou-se herdeira dos campos da fazenda, junto com os netos de Zeferino.

O Corredor dos Munhós fica no primeiro distrito de Lavras, aproximadamente a uns 15 quilômetros da cidade. Para chegar até lá é preciso pegar a estrada para Bagé e entrar à esquerda no km 11, corredor da Mantiqueira. Após a ponte do arroio, passar a primeira fazenda à esquerda, entrar na porteira, também à esquerda, nos fundos da fazenda. Continuar pela estrada de campo, até encontrar dois passos (passo é o lugar no rio onde é possível atravessá-lo) e uma porteira; após a porteira, chega-se à comunidade. São sete ranchos cobertos com palha, cerca de 4 km campo adentro.

A comunidade está organizada como quilombola desde 2007

O nome da comunidade, Corredor dos Munhós, deriva de um costume da época da escravidão: os escravos eram chamados somente pelo nome e, na carta de alforria, recebiam o sobrenome dos seus donos, no caso Munhós. Em Lavras do Sul os escravos trabalhavam nas grandes fazendas de criação de gado da Região do Rio Camaquã-Chico, como, entre outras, a Fazenda São Jerônimo, a Cabanha Sant’Anna e a Cabanha Mantiqueira. Cabanha, para quem não é do Rio Grande do Sul, significa “estabelecimento pastoril destinado à criação e seleção de reprodutores de gado de raça”.

Aprendendo a discutir e a identificar problemas comuns

As casas da comunidade


As casas da comunidade são feitas de pau-a-pique ou de torrão, cobertas com capim Santa Fé.


As casas mais modernas são revestidas com telhas de amianto. As terras, em sua maioria, não possuem registro em cartório.

Luz Para Todos




O Programa Luz Para Todos foi o primeiro programa governamental a beneficiar a comunidade. Um técnico do Programa Quilombola do Luz Para Todos auxiliou a equipe da EMATER na tarefa de conscientização e organização da comunidade.

A vida cotidiana

Comida preparada no fogo de chão

Os moradores têm gado de corte e de leite e plantam geralmente milho, feijão, batata-doce, abóbora, mogango, melão, melancia e mandioca. Praticam, ainda, atividades de apicultura, fruticultura e horticultura. Sua subsistência é assegurada pelo trabalho para terceiros, na condição de peão de estância, alambrador (o que faz a cerca de arame), cozinheira, faxineira. Os agricultores mantém residência fixa na comunidade.

Artesanato


Praticam atividades artesanais, como a feitura de rédeas, cabeçadas (peça de couro que serve para segurar o freio do animal na boca), pelegos, pilão e móveis, pelos homens. As mulheres fazem vestidos, palas, xergões (pelego feito com lã de ovelha) e casacos.


O trabalho de artesanato da comunidade, apresentado na Expolavras 2009

A indumentária


A roupa cotidiana, para os homens, é a roupa do gaúcho: bota, chapéu e bombacha.

As mulheres costumam usar saia e lenço na cabeça

Hábitos de alimentação

A sua alimentação é rica em frutas e verduras e na culinária destacam-se: arroz de carreteiro, quibebe, pirão e angu. Os doces mais comuns são marmelada, figada e perada. Mas, também fazem geléias e compotas, mogango com leite e canjica de milho.

As manifestações culturais privilegiam a música gaúcha, fandangueira e nativista. Na comunidade existem tocadores de violão, gaita (acordeom) e pandeiro. Alguns escrevem versos, outros cantam e contam causos. Quanto à religião, a maioria são cristãos católicos e evangélicos, e alguns identificados com religiões de origem africana.

Depoimento


A Comunidade Quilombola Corredor dos Munhós

“Somos pessoas que têm como cartão de visita um sorriso no rosto. Temos afabilidade, educação, que nos é passada de geração em geração, respeito e opinião. Mas, [quando tentam nos ludibriar] não é um raro uma briga de facão e de relho”.

Nada mais típico do Rio Grande do Sul.

 -oO)(Oo-



4 comentários:

Rosamaria disse...

Não sabia desta comunidade e achei muito legal.
Que bom que aprendo e tenho ótimas recordações aqui no teu blog.
Quando eu era menina íamos tomar banho num dos passos do Mangueirão que falas. Quando era muita gente, íamos na carroceria de um caminhão e fazíamos a maior farra. Tempo bom!!!!
Abrs.

Unknown disse...

Sou descendente direto de Zeferino minha vó materna Fausta Gomes era filha de Eurico e Albina Munhoz que residiam neste local. Fiquei muito feliz de saber que a Senhora Jandira escreveu este livro contando a história da familia. Quem tiver mais informações por gentileza enviar para saraiva.curso@gmail.com estou levando para o conhecimento da família espalhada pelo Brasil e o mundo.

Unknown disse...

Sou descendente direto de Zeferino minha vó materna Fausta Gomes era filha de Eurico e Albina Munhoz que residiam neste local. Fiquei muito feliz de saber que a Senhora Jandira escreveu este livro contando a história da familia. Quem tiver mais informações por gentileza enviar para saraiva.curso@gmail.com estou levando para o conhecimento da família espalhada pelo Brasil e o mundo.

Anônimo disse...

Meu nome é Antonio Claudio Dias Munhoz sou neto de Geoval Suárez Munhoz