CARTINHA ABERTA AO CELSO MARTINS
Brasília, 05 de agosto de 2009
Dileto Celso Martins
Não, não demorarei.
Queria falar sobre literatura e flores.
Mas "contemplando" a união das mais vis oligarquias regionais, dos grupos mais sórdidos da nação, do que há de pior na política brasileira, para salvar o Sarney, não dá para calar a boca.
Vivo em Brasília há 31 anos.
Cobri a CPI do Collor e a do Orçamento e testemunhei o que os (outrora combativos) parlamentares do PT denunciavam.
Nivelar pela podridão em busca do poder pelo poder?
Posso desagradar amigos a quem estimo.
Mas a conivência (e a convivência) deste novo coronel nordestino, o Lula, com esse tipo de gente só pode ser (no mínimo) falta de caráter.
Não, não vim do PFL - sabes bem.
Sofremos muito para a construção da democracia.
Prisão, tortura, exílio, mortes de companheiros.
(Luiz Travassos mexe-se no túmulo.)
Dirigente do IEPES em Santa Catarina, semente da Fundação Pedroso Horta, junto com o saudoso André Forster e outros companheiros, em tempos ásperos, acompanhei a trajetória de Pedro Simon, ajudando companheiros perseguidos, colaborando para que conseguissem escapar pela fronteira, e não fossem mortos na tortura.
Ver o PT jogando toda a sua história na lata do lixo - na lama mesmo -, constrange mesmo as consciências mais resignadas ou desencantadas.
Fiz a campanha do Lula, em 1989, aqui em Brasília.
Enfrentamos (não é figura de retórica) a tropa de choque fascista do Collor e curiola, na rodoviária, nas avenidas da capital, nas cidades-satélites.
Lembro de amigos sendo espancados pelas milícias pagas pelo coronel de Alagoas.
Estão juntos agora?
MERECEM-SE!!!
O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?
O que sinto, amigo, é o mais profundo nojo.
E indignação visceral!
O que mais dizer? nada.
Abraço fraterno.
Sou um ex-combatente? Creio que não.
Ainda (e sempre) um combatente.
Emanuel Medeiros Vieira
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