Emanuel Medeiros Vieira
(Para Clarice, minha filha, para que não deixe de acreditar)
Ética (do grego "ethos") não é só caráter. Mas assento, fundamento. Cumprimento à palavra dada.
O senador Flávio Arns (PT-PR) lembrou que os senadores do PT, membros do Conselho de Ética, terão que prestar contas aos seus eleitores e dizerem porque mudaram de opinião, já que concordaram com a primeira posição da bancada , de que Sarney devia se licenciar do cargo e que as denúncias deviam ser investigadas.
O senador advertiu: "O PT jogou a ética no lixo."
O chicote do Lula falou mais alto.
O pior é a hipocrisia.
Nem todos se lembram, mas o PT foi criado para ser "diferente", para ter um padrão ético superior ao dos outros partidos, para honrar os seus compromissos.
Para mim, o pior é o efeito dessa desonra sobre àqueles que acreditaram nele, na nobreza de seus princípios.
O mais triste é perceber o efeito devastador sobre as novas gerações: que perdem toda a dimensão da utopia e da esperança.
(Não foi para isso que muitos de nós foram para a militância estudantil, para a clandestinidade, enfrentando longa prisão política, a tortura e um longo processo.)
Juventude sem rebeldia é servidão precoce, já disse alguém.
Mas é preciso manter, gramscianamente, o pessimismo da inteligência e o otimismo da vontade.
Pátria é o pacto afetivo e solidário entre as pessoas que nascem em um mesmo território e falam a mesma língua.
Quando a solidariedade e o respeito deixam de existir, a pátria desaparece.
Catarinense "desterrado", tenho um pedido: que os meus conterrâneos, nas próximas eleições, não se esqueçam dos que traíram a sua confiança, e negaram tudo o que prometeram em sua campanhas anteriores.
Parabéns, Marina Silva! Parabéns, Flávio Arns!
(Emanuel Medeiros Vieira)
Brasília, 20 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
LIÇÕES DE MEMÓRIA
Estimado Cacau,
Pediria tua atenção - apesar do escasso tempo e da agenda cheia -, e a inserção de (parte) de minha meditação no teu precioso espaço.
Muitos repudiam as minhas críticas ao PT, sob a alegação de que "outros fizeram o mesmo". É um álibi facilitário: como malfetorias antigas justificassem as novas
Lembrando: na CPI de caso PC Farias (que levou à queda do oligarca de Alagoas), Renan comparou Collor a Nero e a Calígula.
Sarney acreditava que o "sereno" ex-presidente era um discípulo aplicado de Goebbels (o "assessor de imprensa" de Hitler...).
Lula, na campanha de 89, disse que Maluf era um trombadinha perto do "grande ladrão" que era Sarney.
Collor chamava Sarney de político de segunda classe e apadrinhador de corruptos.
Na TV, o "Caçador de Maracujás" (segundo o presidente) chamou Lula de "cambalacheiro".
(Nem preciso lembrar que Collor colocou na TV a ex-mulher do defensor de Sarney, Miriam Cordeiro, para chamar Lula de racista e de ter oferecido dinheiro para ela fazer um aborto.)
São "bons companheiros" (no sentido dado por Scorsese no filme homônimo).
A "academia" tem medo de criticar o Lula porque ele veio do povo. Pobreza não é álibi ético para ninguém.
Lula internalizou o espírito oligárquico da Casa Grande, como fosse donatário de capitania hereditária. Incorporou todos os vícios do patriciado brasileiro.
Sua visão de mundo antecede a Revolução Francesa, pois acredita que alguns homens têm mais direitos que os outros ("Sarney tem história suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse em 17 de junho deste ano).
A lei é para nós, não para eles.
(Eu sei, um dia será preciso contar toda a história da privataria dos governos passados e de todas as trapaças.)
Sinceramente, da minha parte, não aguento mais as metáforas imbecilizantes do Lula, sua onipotência autoritária, seu desprezo pela inteligência e pela cultura, seu cesarismo tupiniquim, e a manipulações das populações mais carentes e desinformadas.
Tem muita popularidade? E daí? Médici também tinha.
Não esqueçamos que, há muito tempo, na hora dramática, a plebe optou pelo ladrão em vez de ficar com Jesus.
Grato pela atenção,
Emanuel Medeiros Vieira
Pediria tua atenção - apesar do escasso tempo e da agenda cheia -, e a inserção de (parte) de minha meditação no teu precioso espaço.
Muitos repudiam as minhas críticas ao PT, sob a alegação de que "outros fizeram o mesmo". É um álibi facilitário: como malfetorias antigas justificassem as novas
Lembrando: na CPI de caso PC Farias (que levou à queda do oligarca de Alagoas), Renan comparou Collor a Nero e a Calígula.
Sarney acreditava que o "sereno" ex-presidente era um discípulo aplicado de Goebbels (o "assessor de imprensa" de Hitler...).
Lula, na campanha de 89, disse que Maluf era um trombadinha perto do "grande ladrão" que era Sarney.
Collor chamava Sarney de político de segunda classe e apadrinhador de corruptos.
Na TV, o "Caçador de Maracujás" (segundo o presidente) chamou Lula de "cambalacheiro".
(Nem preciso lembrar que Collor colocou na TV a ex-mulher do defensor de Sarney, Miriam Cordeiro, para chamar Lula de racista e de ter oferecido dinheiro para ela fazer um aborto.)
São "bons companheiros" (no sentido dado por Scorsese no filme homônimo).
A "academia" tem medo de criticar o Lula porque ele veio do povo. Pobreza não é álibi ético para ninguém.
Lula internalizou o espírito oligárquico da Casa Grande, como fosse donatário de capitania hereditária. Incorporou todos os vícios do patriciado brasileiro.
Sua visão de mundo antecede a Revolução Francesa, pois acredita que alguns homens têm mais direitos que os outros ("Sarney tem história suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", disse em 17 de junho deste ano).
A lei é para nós, não para eles.
(Eu sei, um dia será preciso contar toda a história da privataria dos governos passados e de todas as trapaças.)
Sinceramente, da minha parte, não aguento mais as metáforas imbecilizantes do Lula, sua onipotência autoritária, seu desprezo pela inteligência e pela cultura, seu cesarismo tupiniquim, e a manipulações das populações mais carentes e desinformadas.
Tem muita popularidade? E daí? Médici também tinha.
Não esqueçamos que, há muito tempo, na hora dramática, a plebe optou pelo ladrão em vez de ficar com Jesus.
Grato pela atenção,
Emanuel Medeiros Vieira
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
ÉTICA
Emanuel Medeiros Vieira
(Em memória do meu querido amigo e "irmão" Ivan Pereira da Silva, falecido em 8 de julho deste ano.)
Nosso maior patrimônio é a ética que, do grego "ethos", quer dizer não apenas caráter, mas também assento, fundamento.
Uma de nossas missões é gritar, manter acesa a chama da indignação, mesmo quando o cansaço pela permanência de estruturas tão corrompidas e injustas, leve-nos à resignação e ao mero desencanto.
A atividade política no Brasil parece um atividade imprópria para homens de bem.
O MDB foi fundamental na reconstrução da democracia no Brasil, nas lutas mais dignas dos últimos anos, como a que foi movida em prol da anistia.
O que foi feito dele?
(Não preciso responder).
A executiva do PMDB "pediu" que seus dissidentes (os "dignos") se afastem, saiam por conta própria.
Como detectou alguém, a cúpula dirigente do partido passou o recibo de que as exceções à regra do fisiologismo "mancham a agremiação por lembrá-la de seu compromisos originários e éticos".
"Um partido indigno de suas antigas tradições precisa ocultar a própria indignidade poupando os dignos do convívio com ela."
As pessoas esquecem: quando Lula defende Sarney, Collor e Renan, está legitimando o quê?
(O Maranhão, dominando pelo "faraó" Sarney há tanto tempo, tem o segundo pior IDH do país. Só perde em miséria para Alagoas, de Collor e de Renan.)
Talvez minha fala lembre a de um "moralista indignado.
Pode ser.
Se o golpe de 64 foi, socialmente, o momento mais nefasto e doloroso para a minha geração, a idéia de um pensamento de "esquerda" foi quase destruída por alguns setores do PT e do governo Lula - com orgânica vocação para o maquiavelismo e não para o marxismo (como imaginam).
Para muitos brasileiros, hoje, "esquerda" é isso: corrupção, aparelhamento total do Estado, prevalências de mensaleiros e trapaceiros, odiosos privilégios para uma casta partidária e sindicalistas oportunistas e incultos (parecem mais milicianos fascistas).
Todos os nobres sonhos de um Guevara foram jogados na lata de lixo.
Para reconstruir, vamos precisar de gerações.
E como dizia Keynes, a longo prazo estaremos todos mortos...
(Emanuel Medeiros Vieira)
Brasília, agosto de 2009
(Em memória do meu querido amigo e "irmão" Ivan Pereira da Silva, falecido em 8 de julho deste ano.)
Nosso maior patrimônio é a ética que, do grego "ethos", quer dizer não apenas caráter, mas também assento, fundamento.
Uma de nossas missões é gritar, manter acesa a chama da indignação, mesmo quando o cansaço pela permanência de estruturas tão corrompidas e injustas, leve-nos à resignação e ao mero desencanto.
A atividade política no Brasil parece um atividade imprópria para homens de bem.
O MDB foi fundamental na reconstrução da democracia no Brasil, nas lutas mais dignas dos últimos anos, como a que foi movida em prol da anistia.
O que foi feito dele?
(Não preciso responder).
A executiva do PMDB "pediu" que seus dissidentes (os "dignos") se afastem, saiam por conta própria.
Como detectou alguém, a cúpula dirigente do partido passou o recibo de que as exceções à regra do fisiologismo "mancham a agremiação por lembrá-la de seu compromisos originários e éticos".
"Um partido indigno de suas antigas tradições precisa ocultar a própria indignidade poupando os dignos do convívio com ela."
As pessoas esquecem: quando Lula defende Sarney, Collor e Renan, está legitimando o quê?
(O Maranhão, dominando pelo "faraó" Sarney há tanto tempo, tem o segundo pior IDH do país. Só perde em miséria para Alagoas, de Collor e de Renan.)
Talvez minha fala lembre a de um "moralista indignado.
Pode ser.
Se o golpe de 64 foi, socialmente, o momento mais nefasto e doloroso para a minha geração, a idéia de um pensamento de "esquerda" foi quase destruída por alguns setores do PT e do governo Lula - com orgânica vocação para o maquiavelismo e não para o marxismo (como imaginam).
Para muitos brasileiros, hoje, "esquerda" é isso: corrupção, aparelhamento total do Estado, prevalências de mensaleiros e trapaceiros, odiosos privilégios para uma casta partidária e sindicalistas oportunistas e incultos (parecem mais milicianos fascistas).
Todos os nobres sonhos de um Guevara foram jogados na lata de lixo.
Para reconstruir, vamos precisar de gerações.
E como dizia Keynes, a longo prazo estaremos todos mortos...
(Emanuel Medeiros Vieira)
Brasília, agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
CARTINHA ABERTA AO CELSO MARTINS
CARTINHA ABERTA AO CELSO MARTINS
Brasília, 05 de agosto de 2009
Dileto Celso Martins
Não, não demorarei.
Queria falar sobre literatura e flores.
Mas "contemplando" a união das mais vis oligarquias regionais, dos grupos mais sórdidos da nação, do que há de pior na política brasileira, para salvar o Sarney, não dá para calar a boca.
Vivo em Brasília há 31 anos.
Cobri a CPI do Collor e a do Orçamento e testemunhei o que os (outrora combativos) parlamentares do PT denunciavam.
Nivelar pela podridão em busca do poder pelo poder?
Posso desagradar amigos a quem estimo.
Mas a conivência (e a convivência) deste novo coronel nordestino, o Lula, com esse tipo de gente só pode ser (no mínimo) falta de caráter.
Não, não vim do PFL - sabes bem.
Sofremos muito para a construção da democracia.
Prisão, tortura, exílio, mortes de companheiros.
(Luiz Travassos mexe-se no túmulo.)
Dirigente do IEPES em Santa Catarina, semente da Fundação Pedroso Horta, junto com o saudoso André Forster e outros companheiros, em tempos ásperos, acompanhei a trajetória de Pedro Simon, ajudando companheiros perseguidos, colaborando para que conseguissem escapar pela fronteira, e não fossem mortos na tortura.
Ver o PT jogando toda a sua história na lata do lixo - na lama mesmo -, constrange mesmo as consciências mais resignadas ou desencantadas.
Fiz a campanha do Lula, em 1989, aqui em Brasília.
Enfrentamos (não é figura de retórica) a tropa de choque fascista do Collor e curiola, na rodoviária, nas avenidas da capital, nas cidades-satélites.
Lembro de amigos sendo espancados pelas milícias pagas pelo coronel de Alagoas.
Estão juntos agora?
MERECEM-SE!!!
O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?
O que sinto, amigo, é o mais profundo nojo.
E indignação visceral!
O que mais dizer? nada.
Abraço fraterno.
Sou um ex-combatente? Creio que não.
Ainda (e sempre) um combatente.
Emanuel Medeiros Vieira
Brasília, 05 de agosto de 2009
Dileto Celso Martins
Não, não demorarei.
Queria falar sobre literatura e flores.
Mas "contemplando" a união das mais vis oligarquias regionais, dos grupos mais sórdidos da nação, do que há de pior na política brasileira, para salvar o Sarney, não dá para calar a boca.
Vivo em Brasília há 31 anos.
Cobri a CPI do Collor e a do Orçamento e testemunhei o que os (outrora combativos) parlamentares do PT denunciavam.
Nivelar pela podridão em busca do poder pelo poder?
Posso desagradar amigos a quem estimo.
Mas a conivência (e a convivência) deste novo coronel nordestino, o Lula, com esse tipo de gente só pode ser (no mínimo) falta de caráter.
Não, não vim do PFL - sabes bem.
Sofremos muito para a construção da democracia.
Prisão, tortura, exílio, mortes de companheiros.
(Luiz Travassos mexe-se no túmulo.)
Dirigente do IEPES em Santa Catarina, semente da Fundação Pedroso Horta, junto com o saudoso André Forster e outros companheiros, em tempos ásperos, acompanhei a trajetória de Pedro Simon, ajudando companheiros perseguidos, colaborando para que conseguissem escapar pela fronteira, e não fossem mortos na tortura.
Ver o PT jogando toda a sua história na lata do lixo - na lama mesmo -, constrange mesmo as consciências mais resignadas ou desencantadas.
Fiz a campanha do Lula, em 1989, aqui em Brasília.
Enfrentamos (não é figura de retórica) a tropa de choque fascista do Collor e curiola, na rodoviária, nas avenidas da capital, nas cidades-satélites.
Lembro de amigos sendo espancados pelas milícias pagas pelo coronel de Alagoas.
Estão juntos agora?
MERECEM-SE!!!
O QUE SOMOS SEM MEMÓRIA?
O que sinto, amigo, é o mais profundo nojo.
E indignação visceral!
O que mais dizer? nada.
Abraço fraterno.
Sou um ex-combatente? Creio que não.
Ainda (e sempre) um combatente.
Emanuel Medeiros Vieira
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