Poema de Emanuel Medeiros Vieira
Cidade das mangueiras em flor,
dos fundadores da utopia,
candangos, barro vermelho, florzinhas do cerrado
pássaros, encantos cerrados,
cidade do amolador de facas
ela tem esquinas sim, mas é preciso decifrá-las),
da louvação às primeiras chuvas,
terra molhada em janeiro
Não, meu coração não quer saber da urbe palaciana,
dos maquiáveis planaltinos,
intrigas com soda cáustica.
Cidade dos criadores,
Da mistura de tantas raças, vários brasis
(ah, a moça tomando sorvete no ponto de ônibus).
Cidade do meu viver e do meu sobreviver,
de todos os sonhos,
das linhas retas do arquiteto,
e cidade do meu repouso.
terça-feira, 24 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
Explicação
Emanuel Medeiros Vieira*
Michel Butor dizia que toda explicação é uma forma de destruição.
Mas sinto que preciso oferecer uma.
Depois de quase todos os textos que publico em alguns blogs, criticando o obsceno modelo imposto no Brasil e o capitalismo selvagem (o “selvagem” não seria redundância?), recebo mensagens de pessoas que dizem também condenar o socialismo , as ditaduras comunistas, os regimes que vigoraram no Leste europeu, garantindo que defendem a democracia.
Eu também...
Não devo ter sido claro. Não suportava muros, como o de Berlim.
Para mim, democracia é um valor universal. Ditaduras são incompatíveis com os valores humanistas, quaisquer que sejam suas origens.
Atravessei o Muro de Berlim, conheci a Alemanha Oriental no inverno europeu de 1976.
Era um regime policialesco, incentivador da delação, que favorecia uma minoria privilegiada.
Conheci a Romênia já em 2000, mas ouvi relatos consistentes de pessoas honradas que viveram o stalinismo corrupto que lá vigorou.
Quando condeno um modelo, é claro, não proponho nenhuma ditadura, nenhuma usurpação da dignidade humana.
É que está internalizada nos corações e mentes, uma espécie de visão maniqueísta da história, da vida, dos regimes.
O buraco é mais embaixo.
O que precisamos é defender, com unhas e dentes, a democracia como valor universal.
Não basta que nossas idéias sejam justas e boas.
Precisamos ser justos e bons. Não só em mesa de bar, mas nas andanças da própria vida.
Não quero stalinismo, não quero muros, não quero a perversa desigualdade social.
Gostaria (sei que não verei) de um modelo que fosse calcado no humano.
Fui claro? Então, continuemos a pensar de maneira generosa, ecumênica e plural, sem preconceitos, sem maniqueísmos, e sem os ‘totalitarismos mentais’ que afetam a nossa visão de mundo.
*Escritor catarinense radicado em Brasília.
Michel Butor dizia que toda explicação é uma forma de destruição.
Mas sinto que preciso oferecer uma.
Depois de quase todos os textos que publico em alguns blogs, criticando o obsceno modelo imposto no Brasil e o capitalismo selvagem (o “selvagem” não seria redundância?), recebo mensagens de pessoas que dizem também condenar o socialismo , as ditaduras comunistas, os regimes que vigoraram no Leste europeu, garantindo que defendem a democracia.
Eu também...
Não devo ter sido claro. Não suportava muros, como o de Berlim.
Para mim, democracia é um valor universal. Ditaduras são incompatíveis com os valores humanistas, quaisquer que sejam suas origens.
Atravessei o Muro de Berlim, conheci a Alemanha Oriental no inverno europeu de 1976.
Era um regime policialesco, incentivador da delação, que favorecia uma minoria privilegiada.
Conheci a Romênia já em 2000, mas ouvi relatos consistentes de pessoas honradas que viveram o stalinismo corrupto que lá vigorou.
Quando condeno um modelo, é claro, não proponho nenhuma ditadura, nenhuma usurpação da dignidade humana.
É que está internalizada nos corações e mentes, uma espécie de visão maniqueísta da história, da vida, dos regimes.
O buraco é mais embaixo.
O que precisamos é defender, com unhas e dentes, a democracia como valor universal.
Não basta que nossas idéias sejam justas e boas.
Precisamos ser justos e bons. Não só em mesa de bar, mas nas andanças da própria vida.
Não quero stalinismo, não quero muros, não quero a perversa desigualdade social.
Gostaria (sei que não verei) de um modelo que fosse calcado no humano.
Fui claro? Então, continuemos a pensar de maneira generosa, ecumênica e plural, sem preconceitos, sem maniqueísmos, e sem os ‘totalitarismos mentais’ que afetam a nossa visão de mundo.
*Escritor catarinense radicado em Brasília.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Meditações sobre a atualidade
Emanuel Medeiros Vieira*
O que está havendo?
Uma ditadura, por mais cruel que seja, um dia termina. Manda-nos para a cadeia, para a tortura, para o exílio, mas um dia acaba.
Nos tempos em que vivemos, há uma forma de lavagem cerebral, de domínio do fútil, do mero aparecer em detrimento do ser; hegemonia da massificação, democratismo, não democracia. Perigosa e subliminar: penetra os corações e mentes, incentiva o individualismo mais feroz, nega a solidariedade, humilha os mais frágeis. Invade o inconsciente, anestesia as consciências e deseja criar um rebanho de almas. Como todo rebanho: quieto, conformista, passivo e apático, querendo nos fazer crer que a vida já rabiscou todos os destinos.
Não, não rabiscou.
Onde andam os indisciplinadores de almas, de que falava Fernando Pessoa?
Eu sei, remar contra a maré do egoísmo, da velhacaria institucionalizada, não é fácil. A lavagem subliminar mais cruel é aquela que nos faz abençoar àqueles que edificaram a política da morte e da exclusão.
Mas queria perguntar: onde estão aqueles que defendiam o Estado-Mínimo, que nos chamavam de dinossauros, antiquados? Debochavam de qualquer posição humanista. E agora correm atrás, da maneira mais infame e covarde, ao Estado que tanto condenavam.
No “Muro de Berlim” dos neoliberais, do Consenso de Washington, os zumbis bancários se espalham na sala de estar das finanças mundiais. Os cadáveres do capitalismo, um a um, vão apodrecendo. Alguns dos maiores bancos europeus e americanos estão quebrados. E nós?
O consórcio PMDB-PT repete, como papel carbono, o anterior: aquele (PFL-PSDB) que ajudou a vender o país na bacia das almas.
É o projeto liberal-tucano-petista-oligárquico, da modernização conservadora, que quer se manter no poder até o final dos tempos.
Não se enganem: não há diferença entre eles. Talvez, só na extensão da crueldade de seus modelos contra os mais frágeis, como os aposentados. E bajulando os de sempre: banqueiros, latifundiários, usineiros, os políticos corruptos, e agora os donos da mídia.
Ele une a oligarquia paulista à aristocracia escravocrata nordestina, agora ampliada com ex-sindicalistas traidores (pelegos) – os que vergaram a espinha diante do grande capital.
“Eles” podem ter mudado de opinião, mas não podem obrigar os outros a fazer o mesmo.
Lembro-me de um “aviateur” e “écrivain” français (1900-1944) – creio não precisar dar o nome deste grande humanista: “O que atormenta as sopas populares não remedeiam. O que atormenta não são essas faces escavadas, nem essas feiúras. É Mozart assassinado, um pouco em cada um desses homens”.
*Escritor catarinense residente em Brasília
O que está havendo?
Uma ditadura, por mais cruel que seja, um dia termina. Manda-nos para a cadeia, para a tortura, para o exílio, mas um dia acaba.
Nos tempos em que vivemos, há uma forma de lavagem cerebral, de domínio do fútil, do mero aparecer em detrimento do ser; hegemonia da massificação, democratismo, não democracia. Perigosa e subliminar: penetra os corações e mentes, incentiva o individualismo mais feroz, nega a solidariedade, humilha os mais frágeis. Invade o inconsciente, anestesia as consciências e deseja criar um rebanho de almas. Como todo rebanho: quieto, conformista, passivo e apático, querendo nos fazer crer que a vida já rabiscou todos os destinos.
Não, não rabiscou.
Onde andam os indisciplinadores de almas, de que falava Fernando Pessoa?
Eu sei, remar contra a maré do egoísmo, da velhacaria institucionalizada, não é fácil. A lavagem subliminar mais cruel é aquela que nos faz abençoar àqueles que edificaram a política da morte e da exclusão.
Mas queria perguntar: onde estão aqueles que defendiam o Estado-Mínimo, que nos chamavam de dinossauros, antiquados? Debochavam de qualquer posição humanista. E agora correm atrás, da maneira mais infame e covarde, ao Estado que tanto condenavam.
No “Muro de Berlim” dos neoliberais, do Consenso de Washington, os zumbis bancários se espalham na sala de estar das finanças mundiais. Os cadáveres do capitalismo, um a um, vão apodrecendo. Alguns dos maiores bancos europeus e americanos estão quebrados. E nós?
O consórcio PMDB-PT repete, como papel carbono, o anterior: aquele (PFL-PSDB) que ajudou a vender o país na bacia das almas.
É o projeto liberal-tucano-petista-oligárquico, da modernização conservadora, que quer se manter no poder até o final dos tempos.
Não se enganem: não há diferença entre eles. Talvez, só na extensão da crueldade de seus modelos contra os mais frágeis, como os aposentados. E bajulando os de sempre: banqueiros, latifundiários, usineiros, os políticos corruptos, e agora os donos da mídia.
Ele une a oligarquia paulista à aristocracia escravocrata nordestina, agora ampliada com ex-sindicalistas traidores (pelegos) – os que vergaram a espinha diante do grande capital.
“Eles” podem ter mudado de opinião, mas não podem obrigar os outros a fazer o mesmo.
Lembro-me de um “aviateur” e “écrivain” français (1900-1944) – creio não precisar dar o nome deste grande humanista: “O que atormenta as sopas populares não remedeiam. O que atormenta não são essas faces escavadas, nem essas feiúras. É Mozart assassinado, um pouco em cada um desses homens”.
*Escritor catarinense residente em Brasília
sexta-feira, 13 de março de 2009
REUNIÃO DA OCDE EM PARIS: a participação brasileira no comitê de tratores
O Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/IAC), com sede em Jundiaí, São Paulo, participou, no final de fevereiro, da reunião anual da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada pelos 30 países mais ricos do mundo, no comitê referente à implantação de ensaios oficiais de tratores agrícolas. A reunião acontece todos os anos em Paris e reúne países membros e não-membros da OCDE. O CEA/IAC, que há três anos vinha sendo convidado, participou como representante do Brasil na condição de membro observador. A delegação brasileira foi constituída pelo Diretor do CEA, Hamilton Humberto Ramos, e pela pesquisadora Ila Maria Corrêa, do Laboratório de Ensaio de Tratores. Na ocasião, o Diretor do CEA/IAC fez uma apresentação sobre a expectativa de ensaios no Brasil, expondo dados da produção agrícola brasileira, da produção de tratores agrícolas e fazendo um histórico da atividade de ensaios no âmbito do Instituto Agronômico.
A delegação brasileira: Hamilton Humberto Ramos e Ila Maria corrêa
O CEA/IAC manifestou interesse em participar da reunião do comitê da OCDE por ser o ensaio de tratores agrícolas uma de suas áreas de atuação, com o objetivo de melhoria da qualidade das máquinas agrícolas. Nos ensaios de tratores são levantadas características de desempenho (potência desenvolvida, consumo de combustível) e de segurança (ruído, estrutura de proteção na capotagem, cinto de segurança).
Desde a década de 60 o CEA é referência neste tipo de ensaios. Atualmente encontra-se em fase de reestruturação de suas instalações, buscando enquadrar-se em padrões internacionais, o que está sendo feito com recursos da FINEP, do governo do Estado de São Paulo e de outras fontes. A intenção é manter a condição de observador junto à OCDE até obter o credenciamento, submetendo-se à avaliação do órgão. Na avaliação será observada a infra-estrutura disponível, a capacitação dos técnicos envolvidos e se os procedimentos de ensaio seguem os preconizados nos Códigos de Ensaios de Tratores.
O plenário do Comitê de Tratores da OCDE
Dispor de um a estação de ensaio credenciada pela OCDE no Brasil é importante também para a indústria de tratores agrícolas com interesse em exportação para o mercado europeu. Para exportar a um país membro da OCDE o fabricante deve atender a regulamentos específicos, entre eles o de apresentar relatório de ensaio. Não havendo estação de ensaio credenciada no país de origem, o fabricante tem de enviar a máquina para ensaio em outro país, o que envolve altíssimo custo. Assim, mais uma vez o CEA dá um importante passo para continuar sendo referência de qualidade da área agrícola.
O desenvolvimento dos trabalhos
A OCDE é uma organização internacional e intergovernamental que agrupa os países mais industrializados da economia do mercado e tem a finalidade de promover políticas para o crescimento econômico e social, para a expansão do emprego, para a melhoria do padrão de vida e a liberação do comércio. A OCDE tem quatro programas de atuação: Código de Tratores, Esquemas de Sementes, Esquemas de Frutas e Legumes e Esquemas de Florestas. Tais códigos e esquemas estabelecem regras e facilitam o comércio entre os países participantes.
No programa Código de Tratores são tratadas questões relativas aos métodos de ensaio, decidindo sobre revisões, alterações, inclusão de novos procedimentos. Os ensaios são conduzidos a pedido dos fabricantes, por uma estação de ensaio reconhecida oficialmente em diversos países. Os resultados fornecem ao usuário informações técnicas de comparação e em alguns países servem para atender à legislação vigente.
A delegação brasileira: Hamilton Humberto Ramos e Ila Maria corrêa
O CEA/IAC manifestou interesse em participar da reunião do comitê da OCDE por ser o ensaio de tratores agrícolas uma de suas áreas de atuação, com o objetivo de melhoria da qualidade das máquinas agrícolas. Nos ensaios de tratores são levantadas características de desempenho (potência desenvolvida, consumo de combustível) e de segurança (ruído, estrutura de proteção na capotagem, cinto de segurança).
Desde a década de 60 o CEA é referência neste tipo de ensaios. Atualmente encontra-se em fase de reestruturação de suas instalações, buscando enquadrar-se em padrões internacionais, o que está sendo feito com recursos da FINEP, do governo do Estado de São Paulo e de outras fontes. A intenção é manter a condição de observador junto à OCDE até obter o credenciamento, submetendo-se à avaliação do órgão. Na avaliação será observada a infra-estrutura disponível, a capacitação dos técnicos envolvidos e se os procedimentos de ensaio seguem os preconizados nos Códigos de Ensaios de Tratores.
O plenário do Comitê de Tratores da OCDE
Dispor de um a estação de ensaio credenciada pela OCDE no Brasil é importante também para a indústria de tratores agrícolas com interesse em exportação para o mercado europeu. Para exportar a um país membro da OCDE o fabricante deve atender a regulamentos específicos, entre eles o de apresentar relatório de ensaio. Não havendo estação de ensaio credenciada no país de origem, o fabricante tem de enviar a máquina para ensaio em outro país, o que envolve altíssimo custo. Assim, mais uma vez o CEA dá um importante passo para continuar sendo referência de qualidade da área agrícola.
O desenvolvimento dos trabalhos
A OCDE é uma organização internacional e intergovernamental que agrupa os países mais industrializados da economia do mercado e tem a finalidade de promover políticas para o crescimento econômico e social, para a expansão do emprego, para a melhoria do padrão de vida e a liberação do comércio. A OCDE tem quatro programas de atuação: Código de Tratores, Esquemas de Sementes, Esquemas de Frutas e Legumes e Esquemas de Florestas. Tais códigos e esquemas estabelecem regras e facilitam o comércio entre os países participantes.
No programa Código de Tratores são tratadas questões relativas aos métodos de ensaio, decidindo sobre revisões, alterações, inclusão de novos procedimentos. Os ensaios são conduzidos a pedido dos fabricantes, por uma estação de ensaio reconhecida oficialmente em diversos países. Os resultados fornecem ao usuário informações técnicas de comparação e em alguns países servem para atender à legislação vigente.
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